Artes, negócios, diversão e comportamento.
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Chico Buarque em São Paulo? Fui.
Pane geral na eletricidade no meio do show do Chico. E o poeta nos acalma com sua atitude elegante e pacificadora!
[By Mauro Henrique Toledo]
Meu primeiro show de Chico Buarque, fui. Os ingressos? Presente de natal da amiga Sol, iluminada pelo apelido, pelo bom-gosto e por presentear-me, claro. HSBC, São Paulo, quatro mil pessoas, nós na frisa, quase camarote com visão do palco todo. Entra Chico. Indescritível emoção. Sorriso tímido e seguro, encara a platéia dizendo a poderosa frase: Boa noite, São Paulo. A platéia vêm abaixo. Tentarei definir agora minha emoção, após a inundação de sensações do ao vivo com Chico. Ele pega seu violão, canta e comove com sua delicadeza, elegância e genial simplicidade. Recolhe todo o meu sentimento e o expõe de volta a mim mesmo. Acompanhado de seu grupo de bambas do samba, desfila suas obras-primas. O samba do mestre flui por minhas memórias, sonhos, desejos e doces melancolias. Soa magnânima a trilha sonora de minha história de vida e da vida de todos os alí embevecidos presentes. Privilégio ser contemporâneo deste enorme poeta.
Quase uma hora de show, de repente, acaba a luz do HSBC. Ouve-se um sonoro “Oh!” da platéia. No meio da canção, Chico cala-se. Espera, silêncio. O poeta desce do banquinho, retira-se com seus músicos. A platéia aplaude e aguarda, ainda encantada, tranqüila e perplexa. Tudo permanece escuro, apenas as lanterninhas dos garçons nas mesas. E agora? O que vai acontecer? Enquanto se espera, é dado um tempo para se conversar sobre o que aconteceu antes da pane de energia. Tempo para se recobrar da torrente de emoções dos “Chicos sentidos”. Tempo para olhar o palco vazio da perfeita energia de Chico, palco vazio de música, vazio de luz, vazio de voz, vazio de ritmo, vazio de som, vazio de harmonia, vazio de gentileza, vazio de poesia, vazio de arte. Palco vazio é apenas espaço vazio. É nos dado um tempo para perceber e sentir como a arte do poeta preenche alma, corpo, coração, inteligência, sentidos. Tempo para sentir o significado precioso do artista dentro de nós.
Devagar vai voltando a luz de emergência. A platéia vibra. Lentamente retorna a luz do palco, ainda sem som nos microfones. Do fundo do palco surge a imagem de alguém que parece ser diretor técnico da casa de show, ele caminha para a frente do palco, vai explicar o ocorrido e o que irá ocorrer. Difícil tarefa, mas ele não está sozinho, Chico Buarque de Holanda o acompanha como um anjo da guarda. O técnico se posta sem microfone diante de quatro mil pessoas, fala da chuva torrencial que cai lá fora, pede desculpas e grita que em cinco minutos o gerador vai funcionar e o show vai continuar. A platéia aplaude, Chico agradece, saem. Voam cinco minutos, Chico retorna com Geni e o Zepelin. Desabo qual a chuva torrencial que caí lá fora. Lembro de aprender essa canção e cantar ao violão com amigos nos bares de Cruzília, em Minas, quando adolescente. Choro feliz de saudade. Fui poeta com Chico, fui amigo, sou história, amo o que vi, vivi, senti e amo o que vivo e sinto. E Chico manda ver, e outra e outra e outras pérolas mais. Finaliza, é ovacionado, volta pro bis, finaliza, é ovacionado, volta para o triz, finaliza. Delírio. Agradece abrindo os braços qual Cristo Redentor feliz e talvez inconsciente do milagre que provoca. Chico fala pouco, sua música diz tudo, muito, toca tanto. Ninguém quer ir embora. Chico se vai.
Lá fora, chuva e desorganização do serviço de vallet do HSBC. Quase hora e meia esperando o carro após pagar-se trinta reais. Pessoas irritadas, estressadas, entristecidas pela ineficiência e descaso. Voltamos à vida, voltamos à normalidade, porém, plenos da arte de Chico Buarque de Holanda.
“Hoje eu tenho apenas um pedra no meu peito, exijo respeito não sou mais um sonhador, chego a mudar de calçada quando aparece uma flor, e dou risada de um grande amor … MENTIRA”.
Foto antes do show, na luxuosa companhia de Deni Del Vecchio, Sol, Alzira Andrade e Soninha!
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Comentários
Soninha: Em 26 de março de 2012 às 13:33
Que lindo Mauro!!!! foi pura emoção mesmo!!! um banho de música da melhor qualidade. Que delícia de companhias. bjs
Dori: Em 24 de março de 2012 às 21:10
A luz que se ausentou por instantes iluminou a mente e o coração de um “herdeiro” confesso da arte do Chico Buarque e que agora nos presenteia com seu texto sincero e claro. Pode enviar para o site do Holanda êle certamente ficará feliz.